segunda-feira, 4 de junho de 2012

A MEGERA DOMADA - Shakespeare

A MEGERA DOMADA

   Catarina, a filha mais velha de Batista, um rico senhor de Pádua, moça de ânimo tão desatinado e de temperamento tão irritado, rabugenta, gritadeira, era conhecida pelo nome de bicho-do-mato. Parecia muito improvável, até mesmo impossível, que algum cavalheiro se ariscasse a desposá-la. Batista era, por isso, criticado por não aceitar as muitas ofertas excelentes que lhe eram feitas a favor de sua gentil irmã Bianca, descartando todos os pretendentes com a desculpa de que só poderia aceitar o casamento de Bianca quando a irmã mais velha tivesse saído de suas mãos.
(As fotos foram tiradas por mim e com a minha máquina, por isso não estão lá aquelas coisas...)

   Aconteceu, no entanto, que um nobre senhor, chamado Petrúcio, veio a Pádua justamente para arranjar uma esposa. Não se mostrou hesitante diante dos relatos feitos sobre o gênio de Catarina e, sabendo que era rica e formosa, resolveu desposar essa famosa mulher colérica, moldando-a em meiga e cordial esposa. Em verdade, ninguém era tão apto a levar avante esse trabalho hercúleo como Petrúcio, cujo ânimo era tão firme quanto o de Catarina.
   Sendo um fino e bem-humorado gozador e, ao mesmo tempo, tão sábio e de juízo tão sereno, conseguia simular um arrebatamento passional e furioso, mesmo em se mantendo interiormente calmo a ponto de se rir da própria fúria simulada, pois era por natureza descontraído e tranquilo. De modo que as maneiras extravagantes que adotou, quando se tornou o marido de Catarina, eram apenas aparentes, ou para melhor explicar, escolhidas por seu excelente discernimento como a única maneira de enfrentar, da mesma forma, os modos exaltados da furiosa Catarina.




Continua...

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